30 de julho de 2012

CURIOSIDADES SOBRE A PRAIA DA BARRA

Há dias, em amena cavaqueira sobre os limites da Gafanha da Nazaré, assunto tão “badalado” ultimamente, surgiu a questão: “Afinal onde começa a (localidade) Barra?”. Ao que se fala, parece que começa em local móvel porque muda conforme convém e… ao povo nada é dito. Muitos se lembrarão que a placa de indicação da Barra se situava (mais ou menos) perto do palheiro de José Estêvão. Entretanto foi encurtando, encurtando e presentemente, segundo pesquisas de gente interessada, começa onde está situado o único Banco da Praia. Ora bem, qualquer dia, quando dermos por ela, a Barra é apenas e só a “entrada estreita de um porto” com um farol… por sinal, o melhor e mais bonito.

Dado que vivi meio século da minha existência na Praia da Barra, (os meus pais para construírem a casa onde sempre vivemos ainda tiveram que cortar alguns pinheiros da quinta do Quintino) lembro como esta (praia) era famosa, procurada e muito, muito frequentada (gente nacional e internacional), tanto para lazer como por indicação médica. Ultimamente tenho sentido como que uma minimização desta Praia dando-se grande destaque e relevo a outras com investimentos de grande vulto, publicidade etc. em detrimento da Praia da Barra. Sou a favor do progresso, do investimento, mas de forma equilibrada. Não é necessário “reduzir” esta, afinal tão antiga, para evidenciar outras. Pelo contrário, deve-se respeitar a tradição, conservar/rentabilizar o que sempre foi bom e apostar na generalidade dos melhoramentos. Tanto a praia Velha como a praia Nova na Barra, valem por si só.

Foi neste contexto, e “as palavras são como as cerejas” que recuámos ao tempo em que a Barra era toda ela, uma enorme quinta pertença do Comandante Azevedo e Silva. Ao ser hipotecada (contam os mais antigos) ficou a pertencer a Carlos Roeder o homem dos Estaleiros de S. Jacinto. Muitos destes terrenos foram vendidos a 25 tostões o metro, aos trabalhadores dos Estaleiros, sendo-lhes descontado aos poucos no salário. Portanto a quinta do Quintino (este senhor seria como que o procurador ou representante legal do Comandante), era apenas uma parte da então enorme quinta, hoje toda ocupada com construções habitacionais e outras. Resta o pinhal que é atualmente o conhecidíssimo, parque de campismo. 

Há ainda outras e são muitas curiosidades… sobre a construção dos carris na Barra para transportar a pedra nos comboios, para as “Obras da Barra - Molho Sul”; sobre as duas secas do bacalhau, Lutador e Coimbra; a Fábrica de Conserva de Peixe; o edifício da Assembleia onde se reuniam importantes personagens do Estado Novo, sendo o rés-do-chão ocupado para o funcionamento do 1º ciclo (escola primária) …enfim, a Praia da Barra tem uma história riquíssima, por tudo isto não pode, nem deve ser olhada de uma forma redutora, minimalista, mas sim, olhada pela sua grandiosidade, por aquilo que sempre foi e é. Defina-se de uma vez por todas onde começa e onde acaba e disso, dê-se conhecimento. Como em tudo na vida, há que estabelecer limites para uma melhor organização. 

Entretanto…É linda a Praia da Barra! O seu majestoso e imponente Farol “ilumina” tudo em redor!!!

Graça Oliveira

20 de julho de 2012

Sessão de esclarecimento sobre os limites da Freguesia da Gafanha da Nazaré

Esta Sessão de Esclarecimento ocorreu no Salão Nobre da Junta de Freguesia, no dia 18 de Julho de 2012. Foi um Sessão muito concorrida, na qual estiveram presentes 117 concidadãos.

O presidente da ADIG começou por explicar, o que ocorreu com os limites de freguesia entre 1911 e 2011. Das suas palavras salienta-se o seguinte:

1) A única freguesia do concelho que tem aprovado um “Auto de Delimitação” é a da Gafanha da Nazaré. Este documento, datado de 1911, é da autoria da CMI e foi aprovado pelo Governo Civil de Aveiro.

2) Em 1947 foi criada uma comissão, liderada pelo Mestre Manuel Maria Mónica, visando passar a nossa freguesia para o concelho de Aveiro, por a CMI não estar a respeitar os gafanhões. Houve mesmo uma manifestação de centenas de pessoas em frente ao Governo Civil de Aveiro.

3) Em 1956, o Sr. Bispo de Aveiro, respondendo a uma petição feita pelos párocos de S. Salvador, Nazaré e Encarnação, que solicitavam que a capela de Santo Isidro passasse a ser gerida pela paróquia de S. Salvador, despachou do seguinte modo: “não havendo motivos de interesse ou sentimentos locais que possam obstar à realização do intento, a Colónia Agrícola da Gafanha da Nazaré, como ela se encontra constituída, ficará pertencendo, desta data em diante, à freguesia de Ílhavo”. Muito provavelmente o Sr. Bispo quereria dizer “ficará pertencendo à paróquia de S. Salvador, de Ílhavo”.
   
4) Em 1969, quando a Gafanha da Nazaré subiu a vila, foi elaborado um mapa de limites que, por não ter saído no Diário do Governo, não é acolhido com bons olhos pelos autarcas contemporâneos, apesar de toda essa documentação permanecer nos arquivos da CMI!

5) Em 1981, a CMI elaborou no seu Gabinete de Urbanização uma carta (CMI GU 810407 AM – DT 57) com novas delimitações, tencionando trazer os limites da Gafanha da Nazaré, na Remêlha, para o local onde até Janeiro de 2011 esteve uma placa esverdeada, do BPA. Entre a Barra e a Costa Nova, os limites transitariam da curva da Biarritz para próximo do Banco Montepio, da Barra!!!

6) Ainda em 1981, como a CMI não podia fazer seguir este documento por falta das assinaturas dos membros da Junta e Assembleia de Freguesia da Gafanha da Nazaré, um grupo de falsários, autodenominados “Comissão de Colonos e Moradores da Colónia Agrícola da Gafanha”, deu entrada no Governo Civil de um ofício, pedindo a revisão dos nossos limites de freguesia! E, coisa estranha (!), este documento, assinado por um falso regedor de freguesia – cargo extinto há sete anos – em representação de uma “comissão” que não representava 0,1% da população da Gafanha, “estabeleceu” os limites de freguesia contra a vontade da CMI e da JF da Gafanha da Nazaré. Mas que força tão estranha é esta, que suplanta o poder legalmente instituído?!

7) Com vista a tentar oficializar esta nova delimitação, sem o conhecimento da nossa Junta de Freguesia, diz-se que as ilegalidades atingiram tal proporção que “mão invisível” teve a desfaçatez de, numa data que deve situar-se entre 1981 e 1983, alterar o traçado existente nas cartas topográficas à guarda dos antigos Serviços Geográficos Cadastrais (hoje IGP). Esta ilegalidade, provavelmente cometida por um funcionário desses antigos Serviços, contratado ou integrado no tal grupo de gente de mau porte há pouco mencionada, em conluio com alguém pertencente aos quadros da Comissão do Poder Local e Administração Interna da Assembleia da República, efectuou tais ilegalidades só possíveis através de uma teia muito bem montada. Estas movimentações redundariam, sempre, em benefício de outras freguesias, com o oportuno “milagre” de toda a documentação anterior, referente a este processo, ter desaparecido do Instituto Geográfico Português!!! Dele, segundo informação do director do IGP, nem um simples papel lá se encontra! Estes deploráveis actos deveriam ter sido averiguados pela polícia e os seus autores exemplarmente punidos com o cárcere.

8) A partir de certa altura, contra o que seria admissível esperar, a CMI aceitou este fraudulento traçado de limites! E tanto assim teria sido, que no estudo do PDM de 1991, e no DR n.º 20, II Série de 24/01/1996, pág. 1.218, lá aparecem os limites estudados no Gabinete de Urbanização da CMI em 1981.
Mas mais uma vez estes limites não passam de letra morta, por não terem passado pela Assembleia da República, nem pela Junta nem pela Assembleia de Freguesia da Gafanha da Nazaré!!! Pergunta-se: que rigor há nos Censos efectuados desde 1981, se as freguesias do concelho de Ílhavo não são oficialmente reconhecidas?! Que pensam os nossos autarcas de tudo isto, ao alimentar uma tramóia perpetrada há 30 anos por indivíduos sem escrúpulos?! Para a consciência humana uma fraude não prescreve com o tempo...é sempre fraude até ao infinito, e, pior ainda, se é alimentada por pessoas que já sabem o que ocorreu anteriormente...

9) Os limites da nossa freguesia, postados nas cartas do Instituto Geográfico Português, resultam dos Censos de 2001 (!!!) por até aí nada de oficial existir relativamente a isso. Mas também estes, por não terem passado pela Junta e Assembleia de Freguesia da Gafanha da Nazaré, não puderam ser validados pela Assembleia da República, o que mais uma vez os inviabiliza! Segundo o IGP, são limites provisórios. E assim, alimentando-se uma fraude, a Junta de Freguesia de S. Salvador recebe mais da autarquia do que as outras três freguesias do concelho juntas!!!
 
Por tudo o que acaba de ser dito, só resta aos Presidentes das Juntas de Freguesia do concelho de Ílhavo sentarem-se em redor da mesma mesa e negociarem os limites das terras para as quais foram eleitos, mas nunca nas costas da população, como até aqui tem acontecido.

Seguiu-se um debate entre os presentes, no qual se inscreveram 27 pessoas, que durou hora e meia.

Foi também com agrado que vimos na plateia a Presidente da Assembleia de Freguesia, Margarida Ferraz Alves, que manifestou a sua opinião relativamente a este assunto, integrando-se neste movimento de apoio à Gafanha da Nazaré.

16 de julho de 2012

LIMITES DA FREGUESIA DA GAFANHA DA NAZARÉ

Razões da Nossa Indignação
 
Como sabemos, a freguesia da Gafanha foi criada por Decreto Real de 23 de Junho de 1910. Interpretando à letra o referido Decreto, a freguesia acabada de criar englobava toda a península da Gafanha até ao limite do concelho de Vagos! Por essa razão, o Governador Civil de Aveiro mandou proceder à delimitação da nova freguesia da Gafanha, então designada por Cale da Vila ou de Nª Srª da Nazaré, o que é prova insufismável da existência e da veracidade do Auto de Delimitação de 1 de Maio de 1911, que alguns teimam em desmentir ou ocultar.

Aquando da criação da Colónia Agrícola da Gafanha pelo Decreto-Lei 27207 de 16/11/1936, esta ficou localizada em área das freguesias da Gafanha da Nazaré (a parte mais significativa e com maior número de fogos), da Gafanha da Encarnação e Gafanha de Aquém (S. Salvador).

Até 10 de Dezembro de 1956, o culto da capela de Stº Isidro, padroeiro dos agricultores (hoje Srª dos Campos), esteve a cargo da paróquia da Gafanha da Nazaré. Só nessa data, por iniciativa do Bispo da Diocese de Aveiro, foi celebrado um "acordo de cavalheiros", a que chamaram Decreto, entre os párocos das três paróquias envolvidas (Nazaré, Encarnação e Ilhavo), que terminava assim: "(...) a Colónia Agrícola da Gafanha da Nazaré, como se encontra constituída, ficará pertencendo, desta data em diante, à freguesia de Ilhavo" – como sabemos esta freguesia não existe(!) – por ser aquela que tinha mais padres disponíveis. Foi este acordo que levou os Ilhavos a considerarem-se donos da Colónia, como se esse acordo entre membros da Igreja fizesse lei, como lhes convém!
 
Vários documentos complementares, comprovam a força da nossa razão, a saber:

- Uma escritura pública lavrada em 23/02/1939, na Secretaria Notarial de Aveiro, refere que uma propriedade situada junto ao aqueduto da vala por onde esgotava a fábrica Paolo Cocco, se encontra registada na CRP, em Remelha da freguesia da Gafanha da Nazaré (se a formos agora pedir, é-nos fornecida como de pertencesse à freguesia de S. Salvador!);
    
- O Ministério da Agricultura refere no Alvará de Cedência dos terrenos do Complexo Desportivo em 1976, como sendo uma parcela situada no Centro de Colonização da Gafanha, na freguesia da Gafanha da Nazaré; 

- Outra escritura pública lavrada no 1º Cartório da Secretaria Notarial de Aveiro, em 29/04/1981, refere o Casal 39 (confinante a poente com Schoenstatt), como freguesia da Gafanha da Nazaré; 

- A Escola primária da Colónia Agrícola, aquando da sua criação, integrou a rede de escolas da Gafanha da Nazaré. Era assim que aparecia nos concursos para professores; 

- A GNR sempre foi designada oficialmente por Guarda Nacional Republicana da Colónia Agrícola da Gafanha da Nazaré; 

- Vários outros documentos oficiais, mencionam a Colónia Agrícola da Gafanha ou da Gafanha da Nazaré.

Relativamente à BARRA:     

- Em 1949, procedeu-de à Delimitação da Quinta da Barra pelo norte e nascente. Tratava-se de uma propriedade indivisa da firma Azevedo & Rocha, Lda, sita na freguesia da Gafanha conforme escritura de posse, lavrada em 1860 e que se estendia a partir de 50 m do actual paredão da Meia-Laranja, pela poligonal da ria a nascente, até convergir com a curva da EN 109/7, nas proximidades da actual Biarritz! Quem não se lembra da chamada Quinta do Quintino, actual Parque de Campismo da Barra?... 
Essa quinta foi a última parcela da Quinta da Barra!
 
Este arrazoado foi o resultado de uma pesquisa exaustiva a cópias dos vários documentos que tenho em meu poder.
 
 
Um povo que não conhece a sua história,
é um povo sem futuro!...

Gafanha da Nazaré, 16 de Julho de 2012

Armando Cravo

13 de julho de 2012

Limites de Freguesia - sessão de esclarecimento

Caro concidadão:

No próximo dia 18 de Julho, quarta-feira, vai realizar-se, pelas 21H00, no Salão Nobre da Junta de Freguesia, uma sessão de esclarecimento para dar a conhecer a versão da ADIG relativamente aos “Limites de Freguesia da Gafanha da Nazaré”.

Nesta sessão de esclarecimento será feita a comparação entre os limites estabelecidos pelo “Auto de Delimitação” da freguesia, em 1911, e os que a CMI vem usando, por sua iniciativa, nos censos de 1981 a 2011, sem qualquer acordo com as freguesias e homologação pela Assembleia da República.

Como é óbvio, a ADIG defende como acto de maior justiça para a Gafanha da Nazaré a atribuição das delimitações iniciais. Por esse motivo, convidamo-lo a comparecer nesta palestra, onde, para além de se inteirar da situação actual, poderá manifestar a sua opinião no sentido de se encontrar a melhor solução para este problema, que já se arrasta há 42 anos!!!

Aceite os meus cumprimentos, em nome da ADIG.

Júlio Cirino