29 de novembro de 2011

Que segurança temos no Porto de Aveiro?


Sábado, dia 27 de Novembro de 2011, pelas 9H45 da manhã, a Gafanha da Nazaré andou em alvoroço por causa dos sons estridentes das sirenes que nos chegavam vindos dos lados da borda!

Só mais tarde viemos a saber que tudo não passava de um simulacro destinado a testar “a capacidade de resposta e prontidão do Plano de Emergência do Porto de Aveiro”. Segundo a imprensa local, os responsáveis por esta iniciativa congratularam-se com o êxito da operação. Isto é, para as autoridades envolvidas, os gafanhões podem continuar a dormir descansados.

Bom era que assim fosse. Como podemos dormir descansados, se aqueles que têm por missão defender-nos não se preocuparam com questões fulcrais? Por exemplo, se houver derramamento de um produto tóxico, que dizem proliferar à margem da Ria a Norte da Gafanha, como será avisada a população? As pessoas deverão permanecer em casa ou abandonar a cidade o mais rapidamente possível? Será preciso usar máscara? E se for preciso evacuar a cidade, foge-se para onde? Pode-se foguear? Que preparação tem a GNR, ou a Protecção Civil, para actuarem atempadamente junto da população numa situação de emergência? Então como se pode falar de êxito de uma operação como esta?!
 
Para que tudo decorra o melhor possível, envolvam os gafanhões nestes exercícios. Preparem-nos para qualquer eventualidade séria. Ensinem-nos a fugir para o sítio certo. Façam palestras elucidativas sobre este assunto. Esclareçam a população sobre os perigos reais do Porto de Aveiro. É mais sensato e mais honesto do que agir como a avestruz quando em situações de perigo. Há que pensar, a sério, num “Plano Estratégico para a Defesa da Gafanha da Nazaré”. E não será assim tão difícil, nem oneroso, fazê-lo. Vejamos dois exemplos:

1) Deve existir um alarme sonoro e luminoso, conhecido pela população, que nos previna que algo de anormal se está a passar no Porto de Aveiro;

2) Umas vez alertadas, as pessoas poderiam socorrer-se da Rádio Terra Nova – com informações dadas pelas autoridades a toda a hora – a fim de os habitantes desta freguesia saberem como actuar em qualquer situação de emergência.

Só isto, pode estabelecer a diferença entre uma calamidade e a salvação de muitas pessoas. Como até aqui é que não! Os acidentes não se fazem anunciar. Acontecem! Depois de nada vale chorar sobre o leite derramado. Já pode ser tarde de mais...

Fica à consideração da Administração do Porto de Aveiro, da Câmara Municipal de Ílhavo, da Junta de Freguesia, das Corporações de Bombeiros e da Comunidade da Gafanha da Nazaré, a mais interessada neste assunto.

28 de novembro de 2011

Núcleo de Artes da ADIG

Quem Somos

O Núcleo de Artes da ADIG, nascido a 1 de Setembro de 2011, faz parte da Associação para Defesa dos Interesses da Gafanha da Nazaré e tem um papel importante na intervenção cultural da nossa freguesia.

Objectivos

• Divulgar e promover os trabalhos criados pelos nossos associados, através de Feiras e Exposições, com o intuito do desenvolvimento e promoção das Artes Decorativas e Manualidades na Gafanha da Nazaré.

• Criar um espaço no qual os trabalhos dos sócios possam estar permanentemente expostos.

• Ter um local onde se possam organizar workshops relacionados com as Artes.

11 de novembro de 2011

FORTE DA BARRA

Ouvia-se dizer que tanto a CMI como a APA tinham a intenção de deitar abaixo o casario antigo do Forte. Segundo a "Nota Informativa da CMI n.º36", vai ser criado um "Plano de Intervenção para a Reabilitação do Forte da Barra". Por tal motivo, a ADIG entendeu por bem fazer o documento histórico que passamos a dar a conhecer aos nossos conterrâneos, já depois de o termos feito chegar à Câmara Municipal de Ílhavo e à Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré.

FORTE DA BARRA – ZONA HISTÓRICA

Através da Nota Informativa n.º36, de 19 de Setembro de 2011, tomámos conhecimento da existência de um “Plano de Intervenção para a Reabilitação do Forte da Barra”, numa parceria entre a Câmara Municipal de Ílhavo e a Administração do Porto de Aveiro. Parabéns pela sensatez. É que o Forte da Barra foi o primeiro lugar da freguesia onde existiu um aglomerado de casas devidamente urbanizado, já com rede pública de abastecimento de água, coisa inédita por aqui noutros tempos.

Há escritos que comprovam a permanência da Aviação francesa, em S. Jacinto e no Forte da Barra, nos últimos meses da I Grande Guerra Mundial (1914-1918). E assim, este lugar da Gafanha, não só por razões geográficas, ficou estreitamente ligado a S. Jacinto e ao mundo. A construção pequena, pintada de amarelo-ocre, com aduelas brancas e portas azuis, funcionou como Casa do Telégrafo destinada informar os hidroaviões que amaravam e descolavam nas águas mansas da ria. 

Casa do Telégrafo

O casarão de 1.º andar, também de cor ocre e aduelas brancas, funcionou como Comando da Aviação Naval. Por que não aproveitar-se este edifício para Museu do Ar, Casa da Música, Casa da Juventude, etc., etc.? 

Comando da Aviação dos Franceses

Também noutros tempos se faziam excursões à Aviação para ver de perto os hidroaviões e visitar as oficinas, na altura das mais modernas do país. Foi nos Traveses, igualmente conhecidos por “praia dos tesos”, que Sacadura Cabral testou o hidroavião que faria parte da primeira travessia aérea do Atlântico, de Lisboa ao Rio de Janeiro. A comprovar tal facto, num documento escrito em Fevereiro de 1921 pelo ilustríssimo aviador, pode ler-se:
           
      – “Com a violenta nortada que fazia e auxiliado pela mareta que se tinha formado na Ria de Aveiro, o hidroavião descolou como nunca o vira descolar” (in A Mística de Aveiro na Aviação Naval, do Cap. Joaquim Duarte).

Pelo que acabamos de constatar, a zona do Forte da Barra, e todo o seu casario, ao contrário do que já foi apregoado, é um relicário histórico da Gafanha da Nazaré e também da Aviação Naval portuguesa. Há que saber preservar este local. Tudo indica que assim venha a acontecer, pois por ali ainda se sente o pulsar dos tempos pretéritos, as canseiras dos que por aqui labutaram para chegarmos onde chegámos. Por tal motivo, é de bom senso reabilitar-se o que existe, ou até mesmo demolir-se e reconstruir-se tudo como está, para os vindouros ficarem a conhecer um pouco das suas raízes. 
Atrevemo-nos a perguntar: por que as autoridades competentes não intervieram atempadamente para evitar chegar-se àquele estado calamitoso?! Por que não houve o cuidado de preservar aquele lugar, como se fez na Costa Nova? E se chover em demasia e algumas paredes caírem o que acontecerá daí para diante? Recusamo-nos admitir o que por aí se apregoa: “quem manda gizou esta estratégia para que tudo o que existe à volta do forte ruísse”! Só corações muito empedernidos seriam capazes de mandar deitar abaixo uma coisa que é tão nossa. Que a Nossa Senhora dos Navegantes ilumine quem governa, para serem tomadas as medidas mais atiladas para aquele lugar. Deste modo, criava-se mais um pólo de atracção turística, que serviria de apoio ao Porto de Aveiro, e não só.

Pelo que se constata, o casario do Forte é uma Zona Histórica da Gafanha da Nazaré, que complementaria o tão visitado Jardim Oudinot, podendo mesmo funcionar como ponto de diversão alternativa à Barra, onde por vezes é tão difícil chegar. E, por que não, aproveitar-se o R/C do “Castelo da Gafanha” para café, ou restaurante, dando vida à noite num local quase desabitado? E mais: mantendo-se a traça das fachadas das casas que ladeiam pelo Norte a torre do forte, poderia criar-se o Museu da Gafanha da Nazaré – há tanto tempo em falta na nossa terra – ou uma Pousada de Portugal, ou Oficinas de Arte, ou qualquer outra alternativa que sirva para melhorar a qualidade de vida dos gafanhões. O Forte da Barra, caso haja vontade política para isso, será de uma riqueza incalculável para o concelho. É quase um presépio, em ponto grande...

Fica à consideração da Câmara Municipal de Ílhavo, da Administração do Porto de Aveiro e da população da Gafanha da Nazaré que também deve ter uma palavra a dizer sobre este assunto.



                                                                                Júlio Cirino
                                                                        (Presidente da ADIG)