Há dias, em amena
cavaqueira sobre os limites da Gafanha da Nazaré, assunto tão “badalado”
ultimamente, surgiu a questão: “Afinal onde começa a (localidade) Barra?”. Ao
que se fala, parece que começa em local móvel porque muda conforme convém e… ao
povo nada é dito. Muitos se lembrarão que a placa de indicação da Barra se
situava (mais ou menos) perto do palheiro de José Estêvão. Entretanto foi
encurtando, encurtando e presentemente, segundo pesquisas de gente interessada,
começa onde está situado o único Banco da Praia. Ora bem, qualquer dia, quando
dermos por ela, a Barra é apenas e só a “entrada
estreita de um porto” com um farol… por sinal, o melhor e mais bonito.
Dado que vivi meio século
da minha existência na Praia da Barra, (os meus pais para construírem a casa
onde sempre vivemos ainda tiveram que cortar alguns pinheiros da quinta do
Quintino) lembro como esta (praia) era famosa, procurada e muito, muito
frequentada (gente nacional e internacional), tanto para lazer como por
indicação médica. Ultimamente tenho sentido como que uma minimização desta
Praia dando-se grande destaque e relevo a outras com investimentos de grande
vulto, publicidade etc. em detrimento da Praia da Barra. Sou a favor do
progresso, do investimento, mas de forma equilibrada. Não é necessário
“reduzir” esta, afinal tão antiga, para evidenciar outras. Pelo contrário,
deve-se respeitar a tradição, conservar/rentabilizar o que sempre foi bom e
apostar na generalidade dos melhoramentos. Tanto a praia Velha como a praia
Nova na Barra, valem por si só.
Foi neste contexto, e “as
palavras são como as cerejas” que recuámos ao tempo em que a Barra era toda
ela, uma enorme quinta pertença do Comandante Azevedo e Silva. Ao ser
hipotecada (contam os mais antigos) ficou a pertencer a Carlos Roeder o homem
dos Estaleiros de S. Jacinto. Muitos destes
terrenos foram vendidos a 25 tostões o metro, aos trabalhadores dos Estaleiros,
sendo-lhes descontado aos poucos no salário. Portanto a quinta do Quintino
(este senhor seria como que o procurador ou representante legal do Comandante),
era apenas uma parte da então enorme quinta, hoje toda ocupada com construções
habitacionais e outras. Resta o pinhal que é atualmente o conhecidíssimo,
parque de campismo.
Há ainda outras e são muitas
curiosidades… sobre a construção dos carris na Barra para transportar a pedra
nos comboios, para as “Obras da Barra - Molho Sul”; sobre as duas secas do
bacalhau, Lutador e Coimbra; a Fábrica de Conserva de Peixe; o edifício da
Assembleia onde se reuniam importantes personagens do Estado Novo, sendo o
rés-do-chão ocupado para o funcionamento do 1º ciclo (escola primária) …enfim,
a Praia da Barra tem uma história riquíssima, por tudo isto não pode, nem deve
ser olhada de uma forma redutora, minimalista, mas sim, olhada pela sua
grandiosidade, por aquilo que sempre foi e é. Defina-se de uma vez por todas
onde começa e onde acaba e disso, dê-se conhecimento. Como em tudo na vida, há
que estabelecer limites para uma melhor organização.
Entretanto…É linda a Praia
da Barra! O seu majestoso e imponente Farol “ilumina” tudo em redor!!!
Graça Oliveira