Embora com grandes atrasos, que se traduziram em mais uns tempos de agressão à saúde dos habitantes da Gafanha, finalmente viram a luz do dia os Estudos para a colocação, no Cais Comercial, da Barreira Eólica contra ventos dominantes e da Estação de Monitorização da Qualidade do Ar na Envolvente do Porto de Aveiro, em recolha contínua de dados.
BARREIRA EÓLICA
Estes Estudos, como era óbvio, vieram provar que a Barreira irá melhorar a qualidade do ar e, por conseguinte, as condições de vida dos habitantes da Gafanha e povoações situadas a sul.
Dada a localização das habitações mais próximas do Cais Comercial do Porto de Aveiro, a Sul e SE do mesmo, verifica-se que as condições de vento N e NO se afiguram como as mais propícias ao transporte de partículas de petcoke, com eventual afectação da referida zona habitacional.
Por tal motivo, foi considerada a colocação duma barreira composta, como a melhor configuração para reduzir as emissões de partículas a partir da pilha de petcoke e, logicamente, para protecção das comunidades urbanas a sul do Terminal de Graneis Sólidos.
De acordo com as cargas dos navios de transporte (6.000 a 10.000 toneladas) as pilhas de Petcoke atingirão, no máximo, 95m de comprimento, 33m de largura e uma altura de 7m.
A Barreira de protecção, a norte, terá 109m de comprimento por 7,8 de altura, coadjuvada por uma barreira a noroeste com 30m de comprimento.
De notar que esta barreira também diminui as emissões de partículas com ventos Sudeste, que iriam afectar S. Jacinto, protegendo, também estas populações.
E de acordo com declarações da Cimpor, quando for construída a Barreira será executada a Bacia de Contenção de Lixiviados e a Estação de Tratamento, protegendo o ecossistema da Ria, uma Zona de Protecção Especial (ZPE).
ESTAÇÃO DE MONITORIZAÇÃO DA QUALIDADE DO AR
Quanto à Estação de monitorização será colocada na Escola Básica 2.3 da Gafanha da Nazaré e fará a recolha de dados em contínuo, com transmissão em tempo real para um sistema central a instalar no Porto de Aveiro, permitindo, automaticamente, gerar alertas de excedências para os vários parâmetros considerados, permitindo a eventual implementação de medidas de minimização de emissões, caso se confirme a influência das actividades do Porto.
Embora admitindo esta concepção de localização deste equipamento, face à melhoria das condições de movimentação do Petcoke já implementadas pela Cimpor e pela APA e o facto de se tratar duma estação de leitura permanente, continuamos convictos de que a melhor localização seria na Rua São João de Deus, perto do cruzamento com a Rua da Seca, na primeira linha de edifícios habitacionais localizados a sul e sudeste da zona portuária e com uma 2.ª estação em S. Jacinto, que serviria de referência, ao mesmo tempo que mediria o grau de poluição nesta Freguesia.
O equipamento terá capacidade de avaliar os seguintes parâmetros:
- Partículas em suspensão (PM10)
- Partículas em suspensão (PM2.5)
- BTEX (Benzeno, Tolueno, Etilbenzeno, Xileno)
- Óxidos de azoto (NOx, NO, NO2)
- Monóxido de carbono (CO)
- Dióxido de Enxofre (SO2)
Esta Estação já foi contratualizada com uma empresa, que espera poder instalá-la ainda no mês de Abril.
Foi um conflito longo, de mais de dois anos, mas que valeu a pena, pois irá resultar na melhoria da qualidade do ar na Gafanha da Nazaré e povoações a sul, protegendo a saúde dos seus habitantes.
A ADIG esforçou-se para conseguir este desiderato e está reconhecida a todos aqueles que a acompanharam e apoiaram. Sem a sua ajuda e, principalmente, sem o seu incentivo, seria mais difícil alimentar o entusiasmo que sempre nos norteou.
Aos mais cépticos, àqueles que duvidaram de conseguirmos alcançar os objectivos, compreendemo-los, tantas têm sido as lutas perdidas ao longo dos tempos, mas só podemos reiterar-lhes o nosso agradecimento, pois a sua atitude só mais acirrou a nossa teimosia, na defesa dos direitos das populações.
Para os Poderes Públicos só uma simples e curta frase: Ficou provado que tínhamos razão…
Agora que alcançámos este ponto, estamos convictos de que a Administração do Porto de Aveiro e a Cimpor têm igual empenho em solucionar rapidamente o problema e duma vez por todas, os Gafanhões poderão deixar em herança aos seus filhos e netos uma Gafanha mais limpa, convivendo com um Porto que respeita o espaço em que se enquadra.
Gafanha, 20 de Março de 2016
Pel’A ADIG
Humberto Rocha