A PACIÊNCIA ESGOTOU-SE…
CARTA
ABERTA AO PROF. CARLOS BORREGO
Já lá vai o tempo em que a “Palavra
honrada valia mais que o dinheiro.”
A Gafanha da Nazaré está, há mais
de 3 anos, a sofrer as consequências do depósito e movimentação do Petcoke no
Cais Comercial do Porto de Aveiro.
O Petcoke ou coque do petróleo é
formado de pequenas partículas (PM10 e 2,5) que facilmente são transportadas
pelos ventos e inaladas pelos habitantes e apresenta níveis de enxofre que variam entre 1,2 e 7%, bem como metais
pesados e Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos (HAP) que são potencialmente
cancerígenos (International Agency for Research on Cancer).
E
pior ainda, quando as partículas de Petcoke são transportadas por ventos
dominantes, com povoações e residências a pequena distância, como é o caso da
Gafanha da Nazaré.
A Cimpor e o
Porto de Aveiro têm implementado algumas medidas que diminuem o impacto
negativo daqueles poluentes na saúde das populações, o que é positivo.
No entanto há
medidas que ainda é necessário incrementar para protecção da saúde das gentes
desta Região, tais como:
- Barreira
eólica contra ventos dominantes, de Norte e Noroeste
- Bacia de
Contenção de Lixiviados e Estação de tratamento, para não contaminar a Ria
- Estação de
Monitorização da Qualidade do Ar, permanente
Já em 25 de Nov
2014, em Reclamação endereçada à Direcção-Geral de Energia e Geologia e em
reuniões com a Administração da Cimpor em Fev. e com a APA em Março 2015, a
ADIG reivindica uma Barreira Eólica contra os ventos dominantes, por
absolutamente necessária.
A Administração do Porto de Aveiro
encomendou um estudo da Qualidade do Ar na Gafanha da Nazaré ao IDAD, de que é
Director o Prof. Carlos Borrego.
As medições começam a 2 de Julho de
2014, terminam em 1 de Agosto e é dado por concluído o Relatório da 1.ª fase em
17 de Out 2014.
O Estudo teve 3 fases descontínuas,
com a duração de cerca de 1 mês cada, tendo começado em Julho de 2014 e
terminado em Julho de 2015, com muitas deficiências e com problemas de
execução, que já denunciámos publicamente e às Entidades competentes, em
escritos anteriores.
Nesta altura já havia passado mais
de 2 anos e meio que as populações da Gafanha protestavam contra os malefícios
do manuseamento do Petcoke! E só com estes Estudos perdeu-se mais um ano… mas,
até que enfim, sempre havia conclusões:
“Como medida complementar, considera-se
igualmente relevante a aplicação de uma barreira que reduza a intensidade de
vento incidente na pilha de petcoque e consequentemente que minimize as
emissões de partículas.” (in Avaliação da Qualidade do Ar, Vol III, pag 8).
Mas o Prof. Carlos Borrego, depois de todos os
atrasos que provocou na solução do problema, quer fazer mais um estudo, para
verificar a colocação da Barreira Eólica!...
“A localização
geográfica exata, bem como as dimensões finais da barreira, deverão ser
remetidas para um estudo posterior mais detalhado.” (in Avaliação
da Qualidade do Ar, Vol III, pag 8).
Embora o Prof. Borrego já tivesse testado a barreira
eólica, com simulação em Túnel de Vento, chegando à brilhante conclusão de que
a barreira maciça, assente no solo, era mais eficaz para suster as poeiras de
Petcoke que uma barreira porosa, ou colocada 2m acima do solo (!), quer fazer
mais um estudo… mais gasto mas, principalmente, mais perda de tempo.
E aí recomeçam mais atrasos…
Compromete-se a entregar o estudo antes do final do ano, de tal maneira que as
obras de construção da Barreira já estivessem no terreno em finais de 2015, de
acordo com as estimativas da Administração do Porto de Aveiro.
Como é seu hábito (ou defeito), o
Prof. Carlos Borrego voltou a falhar, e desta vez compromete-se a entregar, sem
falta, o estudo durante o mês de Janeiro de 2016.
A ADIG (Associação para a Defesa
dos Interesses da Gafanha), junto da Administração do Porto de Aveiro, em 10 de
Fevereiro, recebe a confirmação de que ainda não tinha sido entregue esse
estudo!
Basta de empatar o processo, pois
tudo tem estado dependente dos atrasos e da falta de cumprimento de prazos do
Prof. Carlos Borrego.
De acordo com a informação dos
Dirigentes da APA e da Cimpor, a construção da Barreira Eólica e,
acessoriamente, da Estação de Tratamento, só está dependente do resultado dos
testes efectuados pelo Prof. Borrego.
É tempo de resolver o problema do
manuseamento do Petcoke e de parar de arranjar estudos atrás de estudos, para
ir empatando a solução.
Prof. Carlos Borrego a Gafanha está
farta dos seus atrasos, está farta de o identificar como o “empata” de todo
este processo.
Já agora convidamo-lo a ter a
coragem e a hombridade de vir à Gafanha discutir este problema de saúde
pública, com as populações locais.
Só podemos terminar como começámos:
“ A palavra honrada vale mais que todo o dinheiro.”
Gafanha da
Nazaré, 11 de Fevereiro de 2016
Pel’A
ADIG
Humberto
Rocha, João Marçal, Carlos Teixeira, Humberto Vieira, João Vilarinho, Leopoldo
Oliveira