17 de fevereiro de 2016

                                            
























                                      A PACIÊNCIA ESGOTOU-SE…   
                    
                       CARTA ABERTA AO PROF. CARLOS BORREGO
Já lá vai o tempo em que a “Palavra honrada valia mais que o dinheiro.”
A Gafanha da Nazaré está, há mais de 3 anos, a sofrer as consequências do depósito e movimentação do Petcoke no Cais Comercial do Porto de Aveiro.
 O Petcoke ou coque do petróleo é formado de pequenas partículas (PM10 e 2,5) que facilmente são transportadas pelos ventos e inaladas pelos habitantes e apresenta níveis de enxofre que variam entre 1,2 e 7%, bem como metais pesados e Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos (HAP) que são potencialmente cancerígenos (International Agency for Research on Cancer).
 E pior ainda, quando as partículas de Petcoke são transportadas por ventos dominantes, com povoações e residências a pequena distância, como é o caso da Gafanha da Nazaré.
A Cimpor e o Porto de Aveiro têm implementado algumas medidas que diminuem o impacto negativo daqueles poluentes na saúde das populações, o que é positivo.
 No entanto há medidas que ainda é necessário incrementar para protecção da saúde das gentes desta Região, tais como:
- Barreira eólica contra ventos dominantes, de Norte e Noroeste
- Bacia de Contenção de Lixiviados e Estação de tratamento, para não contaminar a Ria
- Estação de Monitorização da Qualidade do Ar, permanente
 Já em 25 de Nov 2014, em Reclamação endereçada à Direcção-Geral de Energia e Geologia e em reuniões com a Administração da Cimpor em Fev. e com a APA em Março 2015, a ADIG reivindica uma Barreira Eólica contra os ventos dominantes, por absolutamente necessária.
 A Administração do Porto de Aveiro encomendou um estudo da Qualidade do Ar na Gafanha da Nazaré ao IDAD, de que é Director o Prof. Carlos Borrego. 
 As medições começam a 2 de Julho de 2014, terminam em 1 de Agosto e é dado por concluído o Relatório da 1.ª fase em 17 de Out 2014.
O Estudo teve 3 fases descontínuas, com a duração de cerca de 1 mês cada, tendo começado em Julho de 2014 e terminado em Julho de 2015, com muitas deficiências e com problemas de execução, que já denunciámos publicamente e às Entidades competentes, em escritos anteriores.
 Nesta altura já havia passado mais de 2 anos e meio que as populações da Gafanha protestavam contra os malefícios do manuseamento do Petcoke! E só com estes Estudos perdeu-se mais um ano… mas, até que enfim, sempre havia conclusões:
 “Como medida complementar, considera-se igualmente relevante a aplicação de uma barreira que reduza a intensidade de vento incidente na pilha de petcoque e consequentemente que minimize as emissões de partículas.” (in Avaliação da Qualidade do Ar, Vol III, pag 8).
 Mas o Prof. Carlos Borrego, depois de todos os atrasos que provocou na solução do problema, quer fazer mais um estudo, para verificar a colocação da Barreira Eólica!...
 “A localização geográfica exata, bem como as dimensões finais da barreira, deverão ser remetidas para um estudo posterior mais detalhado.” (in Avaliação da Qualidade do Ar, Vol III, pag 8).
 Embora o Prof. Borrego já tivesse testado a barreira eólica, com simulação em Túnel de Vento, chegando à brilhante conclusão de que a barreira maciça, assente no solo, era mais eficaz para suster as poeiras de Petcoke que uma barreira porosa, ou colocada 2m acima do solo (!), quer fazer mais um estudo… mais gasto mas, principalmente, mais perda de tempo.
E aí recomeçam mais atrasos… Compromete-se a entregar o estudo antes do final do ano, de tal maneira que as obras de construção da Barreira já estivessem no terreno em finais de 2015, de acordo com as estimativas da Administração do Porto de Aveiro.
 Como é seu hábito (ou defeito), o Prof. Carlos Borrego voltou a falhar, e desta vez compromete-se a entregar, sem falta, o estudo durante o mês de Janeiro de 2016.
 A ADIG (Associação para a Defesa dos Interesses da Gafanha), junto da Administração do Porto de Aveiro, em 10 de Fevereiro, recebe a confirmação de que ainda não tinha sido entregue esse estudo!
 Basta de empatar o processo, pois tudo tem estado dependente dos atrasos e da falta de cumprimento de prazos do Prof. Carlos Borrego.
 De acordo com a informação dos Dirigentes da APA e da Cimpor, a construção da Barreira Eólica e, acessoriamente, da Estação de Tratamento, só está dependente do resultado dos testes efectuados pelo Prof. Borrego.
 É tempo de resolver o problema do manuseamento do Petcoke e de parar de arranjar estudos atrás de estudos, para ir empatando a solução.
 Prof. Carlos Borrego a Gafanha está farta dos seus atrasos, está farta de o identificar como o “empata” de todo este processo.
 Já agora convidamo-lo a ter a coragem e a hombridade de vir à Gafanha discutir este problema de saúde pública, com as populações locais.
 Só podemos terminar como começámos: “ A palavra honrada vale mais que todo o dinheiro.”

Gafanha da Nazaré, 11 de Fevereiro de 2016

Pel’A ADIG  

Humberto Rocha, João Marçal, Carlos Teixeira, Humberto Vieira, João Vilarinho, Leopoldo Oliveira