A QUALIDADE DO AR NA GAFANHA DA NAZARÉ MELHOROU…
MAS NÃO É SUFICIENTE
1. A ADIG (Associação para a Defesa dos Interesses da Gafanha) regozija-se com as conclusões retiradas da Avaliação da Qualidade do Ar, que vieram dar razão e força aos argumentos e reivindicações já apresentadas por nós em Fevereiro de 2014 e reforçadas em Novembro de 2014, nessa altura já com as medidas agora preconizadas pelo Relatório Final da Avaliação da Qualidade do Ar na Envolvente do Porto de Aveiro.
Estamos igualmente satisfeitos com as medidas já adoptadas pela Cimpor e que minimizaram a emissão de produtos poluentes sobre as habitações e população, melhorando a qualidade do ar, de que se podem descrever:
Canhão de água vaporizada sobre a pilha de Petcoke na carga e descarga, jacto de água, navios de transporte mais pequenos e começo imediato da carga para camions cobertos (o Petcoke fica menos tempo no cais), cuidados com as gruas, paragem da movimentação quando o vento é suficientemente forte para levantar nuvens de poeira e presença permanente dum funcionário da Cimpor a verificar a movimentação dos produtos.
2. Estas medidas melhoraram, sem dúvida a Qualidade do Ar na Gafanha da Nazaré, mas há que adoptar outras medidas face aos riscos do Petcoke, que descrevemos:
O Petcoke ou coque do petróleo é formado de pequenas partículas (PM10 e 2,5) que facilmente são transportadas pelos ventos e inaladas pelos habitantes e apresenta níveis de enxofre que variam entre 1,2 e 7%. Tem metais pesados e Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos (HAP) que são potencialmente cancerígenos (International Agency for Research on Cancer).
Provoca intoxicações agudas – problemas respiratórios, irritações dérmicas e oculares.
E intoxicações crónicas – ocorrência de cancros devidos aos HAP (Hidrocarbonetos aromáticos policíclicos) e metais pesados que entram na sua composição (International Agency for Research on Cancer).
3. Embora satisfeitos com as Conclusões, não podemos deixar de apontar que nesta última fase da Avaliação da Qualidade do Ar, persistem os mesmos defeitos do anterior:
- Pontos de recolha de dados longe da área do Porto Comercial
- Não existir um ponto de recolha de referência a norte do Porto Comercial
- Período curto de apreciação, com falhas de energia na recolha de poluentes
4. Continua a movimentar-se Petcoke sem licença, desde há mais de 3 anos e quase 1 ano depois da Cimpor solicitar o licenciamento
5. Este Estudo tem servido para atrasar a implementação das medidas necessárias a tomar pela Administração do Porto de Aveiro e pela Cimpor
6. Segundo a ADIG e as gentes da Gafanha é, então, necessário e urgente, fazer:
- Bacia de contenção de lixiviados, para a Ria não ser contaminada, e construir a Estação de Tratamento, já prometidas pela Cimpor, no pedido de licenciamento
- Barreira eólica, maciça, contra ventos dominantes, a executar a norte do depósito dos produtos, assente no solo e mais alta que os montes e que servirá para defesa da poluição pelo Petcoke e pelo Clinquer, entre outros produtos poluentes
“O recurso à barreira maciça a montante da pilha corresponde à solução mais eficiente na redução da emissão de petcoque”. (pag. 83 de 90 da Avaliação da Qualidade do AR).
- Barreira arbórea nos limites do Porto Comercial com a cidade da Gafanha da Nazaré, para impedir a chegada à povoação de algumas poeiras que ainda se libertem
- Estação de monitorização da Qualidade do Ar, em contínuo
- Manual de boas práticas de movimentação dos produtos descarregados e expedidos
Agora que tudo está claro e bem definido, está na altura de avançar com estas medidas, apontando para a sua implementação, em especial da Barreira Eólica, num prazo máximo de 2 a 3 meses, para descanso dos Gafanhenses e das populações situadas mais a sul.
Estamos convictos que a Administração do Porto de Aveiro e a Cimpor estarão tão interessadas, quanto as populações, em resolver o problema no mínimo espaço de tempo.
Pel’A ADIG, o Presidente
Humberto Rocha