15 de outubro de 2012

ROMAGEM À NOSSA SENHORA DE VAGOS


Organizada pela ADIG, realizou-se no dia 14 de Outubro a romagem ciclista à Senhora de Vagos. O tempo não ajudou e, por isso, só meia dúzia de ciclistas mais afoitos se deslocaram ao Santuário. Os restantes peregrinos viajaram de carro, ficando a capela muito composta. Ao todo deveriam estar 30 pessoas.
O acolhimento do público foi caloroso, se tivermos em conta as palmas que bateram mesmo a meio de um cântico e pelos parabéns dados no final da actuação.

Prevíamos ficar para almoçar nas mesas do Santuário mas a chuva não o permitiu. Fica para o ano.
Seguem-se o texto e o poema lidos na capela.

Pelo segundo ano consecutivo, aqui viemos ao encontro da fonte das nossas raízes. Daqui saíram, há mais de dois séculos, alguns dos nossos antepassados. Essa gente de rija têmpera, que foi em busca de melhor vida, em momentos de maior aflição unia-se em preces fervorosas à Nossa Senhora de Vagos e assim encontrava o lenitivo para as suas maiores canseiras, que muitas eram noutros tempos. Mesmo vivendo por lá, até certa altura aqui se casavam, aqui baptizavam os seus filhos e aqui eram enterrados. Por aí vinham, alguns pelo “carreiro do meio”, outros pelas dunas palustres, desabrigadas, ou em barcos pelo Rio Boco acima. Assim foi até 31 de Dezembro de 1853.

Toda essa gente, destemida, sempre com muita freima, soube transformar dunas estéreis em terrenos de pão, o que na altura ficou conhecido por “Milagre da Gafanha”.

É em nome daqueles que há muito nos deixaram que aqui viemos em romagem como em tempos pretéritos faziam, a pé, de alcofa à cabeça, os nossos familiares.
Muito obrigado, Senhora de Vagos, por todo o consolo que lhes deste.

A nossa actuação começa com um poema de Ercília Amador, sob o título “As Mãos da Nossa Gente”, que retrata bem o viver de outros tempos.

Depois deste belo poema, lido por Cristina Araújo, continuaremos a nossa actuação com a guitarrada “Variações em Ré Menor”, de Jorge Tuna, e três fados de Coimbra. O primeiro, da autoria de Luis Goes, intitula-se “Rezas à Noite” e é interpretado por mim. Em seguida, ouviremos “Igreja de Santa Cruz”, cantado por Nelson Calção. Para finalizar, o Rogério Fernandes cantará o fado secular “Nossa Senhora de Vagos”, de Armando d’Eça. 

A encerrar esta parte musical da manhã, actuará o Grupo Coral da Escola Secundária da Gafanha da Nazaré, cantando três canções: “Saudade”, do cancioneiro açoriano; “Bairro Negro”, de José Afonso; e “Milhões de Barcos”, música de Cartagena e letra de Manuel da Fonseca. 

Assim, em união espiritual com os nossos antepassados, e sob a protecção da Senhora de Vagos, comecemos a nossa actuação musical.

AS MÃOS DA NOSSA GENTE

Sem descanso ou interrupção,
Da praia fizeram chão.

Provaram do mar o sal,
Da ria o travo e o moliço.

Leiras de terra cavaram.
Cricos e navalhas colheram.

Barcos e casas ergueram
E todos se ajudaram.

Caminhos árduos rasgaram,
E no mar muito forcejaram.

Angústias e dores sofreram,
Feridas e mortes aguentaram.

Penaram...maus tratos passaram,
Mas parar...nunca pararam.

       E a nossa terra moldaram!

São mãos que cavam,
Que colhem e que semeiam.

Mãos que pescam e que remam,
Que bordam e que ponteiam.

Mãos que enfardam, que volteiam,
Que amassam, cozem e salteiam.

Mãos que conduzem a traineira,
Ou que calafetam a bateira.


Mãos que pintam, bordam e costuram,
Que tecem, bordejam, colhem e forcejam.

Mãos que acariciam os filhos,
Que avançam com seus cadilhos.

Mãos que conduzem, ensinam e amparam,
Que acenam, consolam e afagam.

Mãos que comandam a lida.
Mãos que modelam a vida.

Mãos enrugadas, calejadas,
Batalhadoras e magoadas,

Algumas jovens, sonhadoras...
Outras cansadas, sofredoras.

São as infatigáveis obreiras,
Os pilares do nosso chão.

São as mãos da nossa gente,
O milagre da criação.
     
                 Ercília Amador

10 de outubro de 2012

Romaria ciclista à Senhora de Vagos

Domingo, 14 de Outubro, a ADIG vai organizar uma romaria ciclista à Senhora de Vagos, retornando às nossas raízes. A saída é feita do Centro Cultural pelas 9H30. Haverá carro-vassoura e a viagem também pode ser feita de automóvel.

Já no Santuário de Vagos, actuará, na capela, o Grupo Portas de Água, de fados de Coimbra, e o Coral da Escola Secundária da Gafanha da Nazaré.

Quem levar farnel, poderá continuar a conviver nas mesas do Santuário. Pela tarde actuará os Grupo de Cavaquinhos da Universidade Sénior, para além de outros cânticos interpretados pelos artistas presentes. Também se jogará ao pião, aos calarotes, ao ringue, etc., etc.

O regresso está previsto para as 17H00, sendo indicado onde passará a ser o limite de freguesia na estrada de Ílhavo à Gafanha.

Quem estiver interessado em participar neste convívio, faça o por favor de fazer a sua inscrição através do nosso e-mail: adi.gafanha@gmail.com.

Jantar comemorativo dos 20 anos da ADIG

Sábado, 13 de Outubro, pelas 20H30, a ADIG vai realizar no Restaurante Clássico o seu jantar comemorativo dos 20 anos de existência.
A refeição custa 12€ e é composta por sopa, um prato de peixe (bacalhau à Clássico) ou um prato de carne, à escolha (vitela, chanfana ou grelhados mistos), bebidas, sobremesa e café.

Quem estiver interessado em participar neste convívio, por favor faça a sua inscrição através do nosso e-mail: adi.gafanha@gmail.com, indicando o prato preferido.

8 de outubro de 2012

LIMITES DE FREGUESIA

É tempo de enterramos esta questão dos “Limite de Freguesia da Gafanha da Nazaré”. Sobre este assunto, e de forma resumida, temos a dizer o seguinte:

• Em 1911, foram fixados os limites da nossa freguesia, através do “Auto de Delimitação”;
• Em 1981, no Gabinete de Urbanização da CMI, é projectado um traçado que visava furtar-nos 2Km na “estrada de Ílhavo à Gafanha” e entre a Barra e a Costa Nova (projecto CMI GU 810407 AM – DT 57);
• Ainda em 1981, um movimento autodenominado “Comissão de Colonos e Moradores da Colónia Agrícola da Gafanha”, solicita à Assembleia da República a alteração dos “Limites da Gafanha da Nazaré”, sendo o ofício assinado pelo “regedor da freguesia”, cargo extinto por Lei há sete anos (1974);
• Entre 1981 e 1983, diz-se que alguém que trabalhava no Instituto Geográfico Português (IGP, no tempo Serviço Geográfico Cadastral), colocou nas cartas destes serviços os limites projectados na carta CMI GU 810407 AM – DT 57. Não se contentando com esta tramóia, ainda fez desaparecer todos os elementos escritos existentes nestes serviços sobre a nossa freguesia – um verdadeiro caso de polícia. A partir daqui, os Censos relativos à Gafanha da Nazaré passaram a ser feitos por esta falsa delimitação;
• Em 2001, a CMI admite uma vez mais como válida esta delimitação fraudulenta e o IGP fixa nas suas cartas estes limites dando-lhe o cunho de “provisórios” (por não terem sido aprovados pelo governo, com posterior publicação no Diário da República);
• Em 2010, a autarquia volta a desrespeitar a Lei, ao admitir como válidos uns limites que oficialmente nunca existiram, tentando mesmo, segundo se ouve para aí dizer, torná-los oficiais nas costas dos gafanhões;
• Em 2012, o executivo camarário, desrespeitando mais uma vez as Leis democraticamente instituídas, impõe os limites para a nossa terra! Nem a votação da Assembleia de Freguesia tinha carácter vinculativo! Isto é, quem votou foi tratado por palhaço. E, estranhamente, a maioria representativa da nossa Assembleia de Freguesia, ainda por cima em frente à população, aceitou mansamente o que nos estava a ser ditatorialmente imposto!!! E assim se verificou que os maiores inimigos da Gafanha foram alguns gafanhões que acabaram por trair a sua terra e a população que, pelo voto, neles confiou!!!

Relativamente ao que nos foi imposto, a ADIG pensa que os limites entre a Barra e a Costa Nova respeitam a vontade dos nossos antepassados. Na zona do Complexo Desportivo aceitam-se, com algumas reticências. Na “estrada de Ílhavo à Gafanha” fomos visivelmente prejudicados. Os limites deveriam ser pela rotunda da SIMRIA e não pelo segundo aceiro da Colónia. Não se aceita que o complexo religioso e social Mãe do Redentor, PAGO PELOS HABITANTES DA GAFANHA DA NAZARÉ, tenha ficado de fora, quanto mais não fosse por respeito ao trabalho do Padre José Fidalgo. Por lá ficou o sino e o relógio, oferecidos à nossa igreja paroquial por Manuel Carlos Anastácio e Sebastião Lopes Conde no primeiro quartel do século passado?!

Sob a capa do rigor, o executivo camarário impôs uma delimitação que não respeita a História desta terra, nem os documentos oficiais existentes, voluntariamente ignorados em público por Ribau Esteves, que não se coibiu de, lá para os lados onde mora, fazer certos acertos que resultaram num traçado que mais parece um rendilhado de bilros, na mira de satisfazer certos interesses. Assim não, senhor Presidente...

Porém, este problema não se esgota aqui! Vamos ver quando são colocadas as placas indicativas do início da nossa terra, quando se substituem as placas verdes, indicativas dos arruamentos, que nada têm a ver connosco, e, ainda mais importante, quando são corrigidos nos Correios, no Cartório Notarial, Finanças, nos Censos, etc., etc., o local das residências dos nossos concidadãos, abusivamente atirados para outras freguesias, pelo descaramento de quem nos governa. 

Passar-se uma coisa destas, num país a sério...